Terraço do MASP, manhã de domingo de um mês qualquer
Na confusão das tendas te encontrei
No escuro do baú
Em meio a tantos outros,
por ti me interessei.
Vieste de longe
Me dissera o mercador
De um lugar chamado China
E de um tempo que não volta mais.
Tratei logo de te arrematar
E matei o esforço
De tentar ver o que não era claro para mim.
Te fiz meu companheiro fiel
És um tanto excêntrico, verdade
Mas são teus olhos que me fazem ver
Que a felicidade é mais nítida, quando não nos esforçamos em enxergá-la.
Meu escudeiro
Que guarda a entrada de minh'alma
Que me separa dos raios fulminantes, silenciosos e invisíveis
Disparados por olhares que cruzam com o meu.
Meus olhos
Que me ensinam a ver
Aquilo que meus globos cegos não sabem
As cores que permeiam o prisma vital
Num campo monocromático.
Quando escrevo essas palavras
Tu guias meus dedos às teclas
Apagando e reescrevendo aquilo que
aos nossos olhos não nos agrada.
Habita minha face
E se aconchega na minha cabeça
Se agarra a minhas orelhas
E me conta, mudo,
o mundo que vê.
Ainda que me permita ver além
Não me furta de olhar para trás
Mas, concava minhas lágrimas
e refrata minha tristeza, para longe daqui.
E quando me olho no espelho, através de ti
Lembro-me da música, do cara dos óculos, que dizia que
"Por trás dessa lente tem um cara legal"
E cegamente confio em você
Ainda que seja tudo uma ilusão.
Rubens, um quase simbolista!
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