quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Será que eu sou medieval?"

BR alguma coisa, dias atrás

"Eu acredito nas besteiras
Que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado
Português, sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos
Mas a minha vida sempre brinca comigo
De porre em porre, vai me desmentindo"
                                                 Cazuza, Medieval

Estava viajando por essas bandas aqui do cerrado certo dia e no carro, sem nada para ouvir de interessante, achei um cd do bardo e poeta Cazuza. Coloquei no som, sabendo que havia uma música que eu não estava preparado para ouvir, e indo para um lugar onde já passei por muita coisa, me arrisquei nessa pequenina cruzada contra mim mesmo. Enfim, música vai, música vem, pula uma, passa para outra, olha o número da faixa daquela ali, ouvi uma inédita - pelo menos para mim, Medieval.
Como saudosista assumido, a canção (melhor seria chamá-la cantiga, ou ode para forçosamente contextualizar) me serviu como uma luva - expressão tão velha quanto o tempo histórico em questão, diga-se de passagem.
A música começa com um apelo para ser mais moderno. De certo modo, esse apelo ecoa nas masmorras da minha mente, ali na cela ao lado da pureza - encarcerei todos, com direto a correntes - afinal, em muitos casos fui e sou completamente arcaico, obsoleto, "demodê" (além de tudo brega, melhor dizendo "old fashion" - pega melhor pro leitor sabe). Isso (!!!) "old fashion", "old school", no vulgo (não o latim) - epa, latim vulgar é antes da Idade Média, que os professores de história que me deram aula me perdôem, isso claro se já não viraram história - enfim "das antigas".
Sim sou das antigas sim, da velha guarda que veio depois da Jovem Guarda. Vale localizar temporalmente não é? Senão acabo me travestindo de amish (aquele pessoal que vive num mundo de novela de época para ser bem direto, aquelas das seis). Um gancho (tenho mania de fazer isso), imagine um travesti amish, "Vade Retro" seria tão estranho quanto um cafézinho após um banquete bulímico medieval - mas convenhamos que seria deveras engraçado. Gancho finalizado prossigo, meus gostos são puramente velharias - não maldoso amigo, não frequento Bailes da Saudade - músicas e filmes em geral. Enfim, de novo - essa repetição de "enfim" faria muitos clacissistas me sentenciarem à fogueira santa - continuando com a música o tema central é amor, como em todas as cantigas de amigo, que na Idade Média pressupunham uma "amizade colorida".
E por onde andará "mea senhor" (para quem dormiu nas aulas de literatura, a expressão refere-se a uma mulher ideal que o trovador louvava)? Será que haverá renascimento no meu coração de trevas, tão amargurado e fatigado pela última peste? (que brega não? "Mea culpa") 
Enfim - prometo pela honra de minha casa que será o último enfim que usarei - creio que Nostradamus em um de seus devaneios deve ter previsto alguma coisa sobre o amor, algo mais avassalador que o Anticristo, que por sinal,coitado, anda desgastado de tanto preverem sua volta não é? Mesma coisa o próprio Cristo, que a dois mil anos não tem um descanso sequer. Meu conselho é que não voltem, Cristo - quando voltar traga uma dose (de felicidade, para não me compararem aos beberrões das tavernas), Anticristo - continue fazendo o que quer que você faz (churrasco?), e os amores ruins - bem esses, eu não sei. Só sei que...

"As vezes eu amo e construo castelos
As vezes eu amo tanto que tiro férias
E embarco num tour pro inferno"
                                               Cazuza, Medieval  

PS: escrevo mais assim que puder.

2 comentários:

  1. Eiiii, nao e so pq vc ta fazendo cursinho que voce precisa sumir, eu preciso falar com voce as vezes sabia?? aparece.
    E seu blog ta tipo MUITO legal, parabens.
    /Gabrielle.

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  2. vou fazer uma campanha: Rubens Mascarenhas, poste já.

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